A produção dos bovinos de corte tem ganhado cada vez mais espaço no mercado consumidor, porém essa demanda vem com exigências em bem-estar e sustentabilidade.
Para aproveitar a crescente do mercado, o produtor deve atualizar seus sistemas de criação, implementando estratégias de sustentabilidade e bem-estar animal.
Dentro das estratégias de bem-estar, garantir a redução de situações estressantes é uma excelente forma de proporcionar condições ideais de vida e permitir a máxima produção dos animais.
O estresse no gado de corte pode comprometer seriamente o bem-estar dos animais e a produtividade da fazenda. Seja a pasto ou em confinamento, situações estressantes afetam a saúde, o ganho de peso e a qualidade da carne.
Principais situações estressantes no gado de corte
1. Manejo inadequado: Movimentação abrupta, barulhos altos e contato agressivo com os animais podem gerar grande estresse. O gado é sensível a estímulos excessivos, que ativam respostas de luta ou fuga, gerando perda de apetite, ineficiência reprodutiva, queda de produtividade, além de gerar dificuldades no manejo.
2. Mudanças na dieta: Alterações repentinas na alimentação, como transição brusca de dieta a base de volumoso para outra com maior proporção de concentrado, ou a troca de ração, podem estressar o sistema digestivo dos bovinos, causando queda de desempenho e até problemas de saúde como acidose ruminal.
3. Temperaturas extremas: Tanto o calor quanto o frio extremo, afetam as condições de bem-estar do gado. O estresse térmico resulta em diminuição do apetite, menor conversão alimentar e aumento do risco de doenças.
4. Superlotação: Quando há muitos animais para pouca área destinada, seja em confinamento ou a pasto, os animais competem por recursos como comida e água, aumentando os níveis de estresse e o risco de comportamentos agressivos.
Em confinamentos, quando ocorre a superlotação, os animais competem também por espaço para se deitar, o que aumenta o gasto energético do animal que poderia ser destinado a deposição de músculo.
5. Transporte: O transporte para frigoríficos ou entre fazendas é um momento que mais gera estresse. Longos períodos de confinamento em caminhões, associados a movimentos constantes, calor e grande quantidade de animais por espaço, resultaram em perda de peso e da qualidade da carne.
Estratégias para reduzir o estresse no gado
1. Manejo Humanitário
Treinar a equipe para lidar com o gado de forma calma e paciente, evitando gritos e uso de equipamentos que possam causar dor ou desconforto, é essencial.
O uso de métodos de condução suaves e a redução de ruídos excessivos ajudam a manter os animais calmos.
- Caso ocorra estresse: Identifique o que causou a ocorrência, afaste os animais da fonte de estresse e permita que se acalmem antes de retomar o manejo. Em situações extremas, é recomendado o uso de suplementos eletrolíticos, com minerais e vitaminas que promovem redução dos efeitos que a situação estressante desencadeia.
2. Transição Gradual de Dieta
Para evitar o estresse alimentar, as mudanças na dieta devem ser graduais, especialmente em sistemas de confinamento.
O gado deve ser adaptado lentamente a qualquer nova dieta, permitindo que o sistema digestivo se ajuste.
- Caso ocorra estresse: Se não houver sintomas como diarreia ou queda de apetite, revise a alimentação e forneça aditivos, que ajudam a estabilizar a microbiota do sistema digestório.
3. Controle de Temperatura
Fornecer sombra e acesso a água fresca e limpa, além de ventilação adequada em instalações de confinamento.
Em climas frios, deve-se investir em abrigos que protejam contra ventos e chuva, bem como garantir uma cama seca e quente para os animais.
- Caso ocorra estresse: Nos dias quentes, o uso de aspersores de água e ventiladores pode ajudar a refrescar os animais. Em temperaturas baixas, aumente a oferta de forragem para melhorar a produção de calor interno.
4. Espaço adequado e conforto no confinamento
Evitar a superlotação é uma das principais estratégias para reduzir o estresse em confinamento.
Garantir espaço suficiente para que todos os animais tenham acesso à água, comida e possam se mover livremente, melhorando o bem-estar geral do rebanho.
- Caso ocorra estresse: Quando a superlotação não pode ser evitada, a inclusão de enriquecimento ambiental, como blocos de sal ou escovas, pode ajudar a reduzir a tensão entre os animais.
5. Transporte Adequado
Planejar o transporte de forma que minimize o tempo na estrada, utilizando caminhões adequados e com ventilação, é essencial para reduzir o estresse. A boa condução, evitando frenagens bruscas e curvas acentuadas, também é crucial.
- Caso ocorra estresse: Animais que chegam estressados ao destino devem ter um período de descanso adequado antes de qualquer manipulação, para que possam ser recuperados da viagem. Forneça também suplementos eletrolíticos, com minerais e vitaminas que promovam a recuperação de minerais perdidos devido ao estresse.
Reduzir o estresse no gado de corte, tanto no pasto quanto no confinamento, é um fator determinante para melhorar a saúde, a produção e o lucro da fazenda.
Implementando essas práticas que evitam a situação estressante e garantam o bem-estar animal, os produtores não apenas aumentam a produtividade, mas também promovem uma pecuária mais ética e sustentável.