A pecuária possui grande representatividade na economia brasileira, e a maior parte dos produtores utilizam sistemas extensivos e semi extensivos para a produção animal.
Possuindo 20% da área do Brasil sendo pastagens, manter a principal fonte de alimentos dos animais de produção saudável é um desafio.
Grande parte dessas pastagens estão degradadas devido a falta de correção de solo, escolhas errôneas de gramíneas, pastejo intermitente, doenças e pragas. É necessário que o produtor busque estratégias de manejo para garantir a produção eficiente da pecuária.
Pragas e doenças em pastagens podem causar grandes prejuízos, reduzindo capacidade fotossintética, a absorção de nutrientes, a capacidade de renovação da forragem, a qualidade da forragem e, consequentemente, a produtividade animal.
Principais pragas em pastagens
1. Cigarrinha-das-pastagens (Notozulia entreriana, Deois incompleta, Deois flavopicta, Mahanarva tristes)
- Impactos: As cigarrinhas, na fase de linfa, se alimentam na base da planta ou em raízes superficiais, impedindo que os nutrientes absorvidos pela raiz cheguem as partes superiores da planta. Causa redução da produção de forragem, morte de plantas e diminuição da qualidade nutricional.
- Identificação: Presença de espuma branca na base das plantas, folhas com estrias amareladas e murchas.
- Tipos de pastagens: Comum em Brachiaria decumbens, Brachiaria ruziziensis, grama estrela roxa e capim tangola.
- Prevenção e controle: Manejo adequado da pastagem, escolha de gramíneas com diferentes níveis de resistência a cigarrinhas, reduzir a pressão de pastejo (taxa de lotação) em períodos de maior incidência (novembro a abril), controle biológico (como o fungo Metarhizium anisopliae) e o uso de inseticidas específicos.
2. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
- Impactos: Desfolhamento severo, redução da área foliar, comprometimento do crescimento da pastagem e da estrutura reprodutiva da planta.
- Identificação: Presença de lagartas verdes com listras na lateral, buracos irregulares e falhas nas bordas da folha.
- Tipos de pastagens: Afeta principalmente culturas de milho, mas também pode acontecer em diversos tipos de pastagens.
- Prevenção e controle: Rotação de pastagens, uso de plantas resistentes, controle de plantas daninhas, monitoramento, uso de fertilizantes nitrogenados, aplicação de inseticidas e de produtos biológicos.
3. Formiga-cortadeira (Atta spp. e Acromyrmex spp.)
- Impactos: Ataca principalmente pastagens em áreas de implantação, causa desfolhamento das plantas, redução da rebrota, diminuição da cobertura vegetal.
- Identificação: Trilhas de formigas, presença de folhas cortadas em montes ao redor dos ninhos.
- Tipos de pastagens: Comum em diversos tipos de pastagens, incluindo Panicum maximum, Brachiaria e Paspalum notatum, presente em todo o Brasil.
- Prevenção e controle: Controle mecânico dos ninhos antes e após da implantação da forrageira , uso de iscas formicidas, inceticidas, termonebulização, manutenção da pastagem saudável.
Principais doenças em pastagens
1. Ferrugem (Puccinia spp.)
- Impactos: Causada pelo fungo Puccinia spp., apresenta manchas na base axial das plantas, gera manchas amarelas nas folhas, redução da fotossíntese, queda na produtividade.
- Identificação: Manchas de coloração ferrugem na superfície, em estágios avançados coloração amarela nas folhas.
- Tipos de pastagens: Comum em Brachiaria brizantha e Panicum maximum.
- Prevenção e controle: Uso de variedades resistentes, rotação de pastagens e aplicação de fungicidas.
Ferrugem da braquiária em folhas de Brachiaria brizantha: pústulas nas faces adaxial (A) e abaxial (B); seca prematura (C). Fonte: Embrapa. 2011
2. Mancha Foliar (Bipolaris maydis)
- Impactos: Manchas necróticas nas folhas, redução da área fotossintética, menor vigor das plantas.
- Identificação: Manchas marrons ou cinzas com bordas escuras nas folhas, lesões alongadas e irregulares.Conforme a mancha evolui, ela passa a ter seu centro amarelado com as bordas marrom.
- Tipos de pastagens: Afeta principalmente as Brachiaria spp., Paspalum spp. e Pennisetum spp.
- Prevenção e controle: Uso de espécies forrageiras resistentes, práticas de manejo adequado, aplicação de fungicidas.
Mancha foliar de Bipolaris maydis em Panicum maximum cv. Tanzânia (A e B). Fonte: Embrapa. 2011
3. Antracnose (Colletotrichum spp.)
- Impactos: Necrose de folhas e caules, lesões foliares marrom de formato elíptico e alongada, queda prematura das folhas, morte de plantas jovens.
- Identificação: Manchas escuras e afundadas nas folhas, necrose dos caules, presença de esporos pretos.
- Tipos de pastagens: Acomete principalmente as espécies de sorgo forrageiro, estilosantes e amendoim forrageiro, entre outras.
- Prevenção e controle: Variedades resistentes, uso de sementes livres, rotação de culturas, espaçamento adequado entre plantas, controle químico em casos severos.
Sintomas de antracnose em Stylosanthes spp.: tipo A em S. capitata (A); tipo B em S. guianensis (B). Fonte: Embrapa. 2011.
Como identificar pragas e doenças em pastagens
A identificação precoce de pragas e doenças é crucial para um controle eficaz. Aqui estão alguns passos para identificar problemas nas pastagens:
- Monitoramento regular: Inspecione as pastagens frequentemente, observando sinais de estresse nas plantas, como: murchamento, descoloração e presença de insetos.
- Uso de armadilhas: Utilize armadilhas para capturar insetos e avaliar a população de pragas.
- Diagnóstico visual: Conheça os sintomas específicos de cada praga e doença, como manchas, necroses, presença de esporos e insetos.
- Análises laboratoriais: Em caso de dúvida, envie amostras de plantas afetadas para análise em laboratórios especializados.
Prevenção de pragas e doenças em pastagens
A prevenção é a melhor estratégia para manter pastagens saudáveis. Aqui estão algumas práticas recomendadas:
- Rotação de pastagens: Alternar as áreas de pastagem pode interromper o ciclo de vida dos parasitas e reduzir a incidência de doenças.
- Manejo adequado: Realizar a implementação de pastagens na época recomendada para a espécie, manter a pastagem em boas condições, realizar manejo de plantas invasoras, evitando superpastejo e garantindo a fertilização adequada.
- Uso de variedades resistentes: Optar por variedades de gramíneas que tenham resistência a pragas e doenças comuns na região.
- Uso de sementes tratadas: Sementes tratadas evitam o plantio de sementes já doentes, com fungos por exemplo.
- Controle biológico: Introduzir inimigos naturais das pragas, como parasitas e predadores, para reduzir a população de pragas, porém deve ser realizado de maneira responsável e seguindo orientações de um agrônomo.
- Aplicação de produtos químicos: Utilizar inseticidas e fungicidas de forma consciente e somente quando necessário, seguindo as recomendações técnicas.
Manter o controle de pragas e doenças em pastagens é essencial para garantir a produtividade e a sustentabilidade da pecuária.
O monitoramento constante, a identificação precoce e a implementação de práticas preventivas são fundamentais para proteger as pastagens e assegurar a saúde do rebanho.
Com as estratégias certas, é possível minimizar os impactos negativos e maximizar a eficiência das pastagens.
