A produção de bovinos de corte possui uma margem de lucro limitada, devido ao alto custo de produção, dentro desse cenário os produtores buscam alternativas que possam potencializar o ganho de peso dos animais.
Em busca de alternativas que possam melhorar o desempenho dos animais, uma grande dúvida do produtor é se realiza ou não a castração de bois para engorda, essa prática pode afetar o desempenho produtivo e a lucratividade da criação.
No processo de crescimento e desenvolvimento dos bovinos, cada tecido cresce com uma intensidade diferente, primeiro os ossos, depois o tecido muscular e por fim o adiposo.
O desenvolvimento tecidual está muito relacionado com hormônios, inclusive sexuais, assim como o peso, idade, raça e sexo, dessa forma, entender como esses fatores podem afetar o ganho de peso, vai auxiliar na decisão de castrar ou não o animal.
Diferenças no ganho de peso
Bovinos machos não castrados, conhecidos como inteiros, tendem a apresentar um ganho de peso mais rápido e eficiente em comparação com os castrados.
De forma geral, o animal inteiro precisa ingerir menos para ganhar 1 kg quando comparado ao castrado.
Isso ocorre por uma relação entre o que é ingerido e o que é convertido em musculo e gordura, o animal castrado tende a depositar mais gordura do que músculos e para depositar gordura, o animal precisa de mais energia.
Logo, em um grupo de animais de mesma raça, sexo e potencial de ganho, ingerindo a mesma quantidade de ração, o inteiro ganha mais peso que o castrado.
Outro fator a ser considerado é a proporção de água dos tecidos, o tecido adiposo possui 80% de matéria seca, já o tecido muscular 30%, ou seja, para o aumento de 1 kg de gordura é necessário depositar muito mais matéria seca que o músculo, exigindo maior consumo de nutrientes por parte do animal castrado.
Implicações hormonais
A testosterona desempenha um papel crucial no crescimento e engorda dos bovinos machos não castrados, por estimular a secreção de somatotropina. Esse hormônio estimula a síntese de tecidos, o que contribui para o aumento da massa muscular, crescimento ósseo e inibe a síntese de lipídios.
Além disso, a testosterona mantém o metabolismo dos animais mais ativo, permitindo um maior consumo de alimento e melhor conversão alimentar.
Em bovinos castrados, a ausência ou a redução drástica da testosterona diminui a capacidade de síntese de proteínas, o que resulta em menor ganho de massa muscular.
No entanto, a castração também reduz o comportamento agressivo e competitivo, levando a um ambiente de criação mais calmo e menos estressante, o que pode ser benéfico para a saúde e o bem-estar dos animais.
Por tanto a castração pode contribuir para um crescimento mais estável ao longo do tempo e aumento da deposição de gordura entremeada ao músculo, o que pode ser uma vantagem em acabamento e qualidade de carne.
Como decidir castrar ou não castrar os bovinos machos?
A escolha entre castrar ou não castrar deve ser baseada nos objetivos específicos de cada produção.
Se o foco estiver em maximizar o ganho de peso em um curto período, a criação de bovinos não castrados pode ser a melhor opção. No entanto, se o objetivo for produzir carne de alta qualidade, com bom marmoreio e valor agregado, a castração pode ser preferível.
Além disso, é importante considerar as condições de manejo, a disponibilidade de instalações adequadas para lidar com o comportamento dos animais inteiros e a demanda do mercado em termos de qualidade da carne.
Entender as diferenças de ganho produtivo e comportamentais entre bovinos castrados e não castrados é fundamental para tomar decisões com base em informações que possam maximizar a eficiência da produção e atender às demandas do mercado de forma eficaz.