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Como avaliar o escore corporal de vacas leiteiras?

Escore de Condição Corporal - ECC

A análise de Escore Condição Corporal – ECC é uma avaliação subjetiva, visual e/ou tátil, utilizada para aferir as reservas energéticas corporal do animal que auxiliará na determinação de práticas a serem adotadas no manejo nutricional do rebanho.

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A deposição de reservas energéticas e sua mobilização atuam nas funções metabólicas do animal, por tanto, garantir que o animal possui reservas suficientes de acordo com sua fase de vida e produção, são medidas essenciais para garantir o seu melhor desempenho. Como uma avaliação prática, rápida e de baixo custo de implantação1, onde categorizamos a deposição de gordura de 1 (muito baixa) a 5 (muito alta) com subunidades de 0,252, a avaliação de Escore de Condição Corporal – ECC vem com a finalidade de identificar, individualmente, se o animal precisa de um reajuste na sua dieta.

A deposição de gordura, que confere as reservas energéticas corporais, pode variar em função do manejo nutricional1,3, sanitário e composição genética do animal1. Franco, F. F. (2015)3 identificou que a composição racial afetou o Escore de Condição Corporal – ECC no pré-parto (P=0,0003) e a produção leiteira tende a afetar o Escore de Condição Corporal – ECC no pré (P=0,0957) e pós-parto (P=0,1179), também concluiu que o Escore de Condição Corporal – ECC no pré-parto afeta o período de serviço (P<0,0001).

Estudos vem comprovando a influência do Escore de Condição Corporal – ECC dos animais na atividade reprodutiva, produtiva4, na incidência de doenças, principalmente pós-parto, e distúrbios metabólicos. Dietas insuficientes que geram uma subnutrição do animal pode afetar o hipotálamo, hipófise e ovários4, órgãos que atuam diretamente no controle hormonal e reprodução, sua consequência pode ser a redução da taxa de concepção e, em casos severos, a condição de anestro (não apresentação de cio)4.

Nobre, M. M., et al (2012)5, identificaram uma maior retenção de placenta em animais com escore entre 2,0 e 2,5 e 4,5. Para os resultados entre 2,0 e 2,5 foi justificado os relacionando ao sistema imune debilitado devido a deficiência nutricional. Para os resultados com Escore de Condição Corporal – ECC 4,5, justificaram pela ocorrência de distúrbios metabólicos.

Durante a fase de transição, que ocorre entre o fim da lactação e o parto, é o período em que as vacas leiteiras possuem um maior impacto das mobilizações de reservas energéticas. Isso ocorre devido a transição de um período de baixa exigência nutricional, para um período de alta exigência nutricional com o final da gestação e início da lactação. Nesse período as vacas entram em Balanço Energético Negativo – BEN, pois coincide o momento de alta exigência nutricional com a queda do consumo de matéria seca, de 10 a 30%6, devido à redução de espaço da cavidade abdominal decorrente da gestação.

O Balanço Energético Negativo – BEN quando em maior grau pode trazer uma série de problemas metabólicos para as vacas, como: cetose, esteatose hepática e hipocalcemia ou síndrome da vaca caída. Vacas com Escore de Condição Corporal – ECC maior que 3,5 tendem a ter o balanço energético negativo mais pronunciado, já animais que apresentam Escore de Condição Corporal – ECC 3 e 3,5, o consumo de matéria seca é maior e são menos propensas a distúrbios metabólicos7. O mesmo pode ser observado em Freitas Júnior et al. (2008)2, onde vacas mestiças (holandesas com raças zebuínas), de Escore de Condição Corporal – ECC <3,25 ao parto apresentaram menor mobilização de reservas comparadas a vacas com de Escore de Condição Corporal – ECC ≥3,25, além de apresentarem menor porcentagem de gordura no leite.

Efeitos na produção de leite também podem ser observados com o aumento e redução de Escore de Condição Corporal – ECC, Waltner, S. S., et al. (1993)8, observou que a condição corporal aumentada de 2 para 3, ao parto, ocorre um aumento de 322 kg de leite nos primeiros 90 dias de lactação, com o aumento do escore de 3 para 4, ocorre um aumento de 33 kg e para valores acima de 4 houve uma queda de 223 kg na produção estimada de leite.

Esses resultados condizem com a afirmação de Franco, F. F. (2015)3, que evidencia a necessidade de oferecer aos animais um manejo nutricional balanceado, que garantem a produtividade máxima do potencial genético do animal, mas sem comprometer a variação do escore durante a lactação.

Vacas que apresentam redução do escore corporal durante as primeiras semanas do pós-parto podem apresentar dificuldades para concepção durante a primeira inseminação9.

Ferreira, A. M. & Torres, C. A. A. (1993)4 apresentaram resultados onde as vacas mestiças, Holandês x Zebu não lactantes, tiveram sua atividade ovariana luteínica cíclica (AOLC) interrompida ao reduzir de ECC de 4,5 para 2,2. No grupo das vacas subnutridas, 100% dos animais interromperam a AOLC em 183,5 ± 30,3 dias de restrição alimentar. Eles também consideraram a condição corporal como o melhor fator indicativo do funcionamento fisiológico normal de todos os sistemas orgânicos.

Torres, H.A.L., et al (2015)1, concluiu que houve um aumento de 39% na probabilidade de prenhez, de animais submetidos a inseminação artificial em tempo fixo, quando ocorre o aumento em 0,5 unidade de ECC, demonstrando como a condição corporal das vacas podem influenciar nos índices reprodutivos. Torna-se então, imprescindível o monitoramento de Escore de Condição Corporal – ECC para os animais em atividade reprodutiva, buscando otimizar os índices de produtividade da propriedade.

Identificando quais implicações a manutenção do escore corporal tem no desempenho produtivo e reprodutivo das vacas lactantes, se torna necessário saber como avaliar o escore corporal dos animais e saber qual o escore de condição corporal é o mais indicado para cada fase produtiva.

Avaliação de Escore de Condição Corporal- ECC

A avaliação de Escore de Condição Corporal – ECC independe do tamanho e do estado fisiológico do animal, demonstrando ser mais eficiente para estimar a condição de reserva corporal e suas flutuações do que o peso vivo do animal10.

Para avaliação deve ser dadas notas de 1 a 5 de acordo com a protuberância de costelas, processos espinhosos da coluna vertebral, processos transversos da coluna vertebral, vazio, ponta do íleo e ísquio, base da cauda, sacro e vértebras lombares10, conforme Figura 1.

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Figura 1: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore 1 – Caquético ou emaciado

Processos transversos e espinhosos proeminentes, total visibilidade das costelas, inserção de cauda inclusa dentro do coxal, íleos e ísquios proeminentes e grande atrofia muscular10 (Figura 2).

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Figura 2: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore 2 – Magro

Grande visualização de ossos, processos dorsais, íleos e ísquios proeminentes, costelas com baixa cobertura, processos transversos visíveis, cauda menos inclusa nos coxais, pele esticada10 (Figura 3).

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Figura 3: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore 3 – Médio ou ideal

Leve cobertura muscular, grupos de músculos visíveis, processos dorsais pouco visíveis, costelas quase cobertas, processos transversos levemente aparentes, sem camadas de gordura, superfície do corpo macia com pele flexível10 (Figura 4).

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Figura 4: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore 4 – Gordo

Boa cobertura muscular, pouca deposição de gordura na inserção da cauda, costelas e os processos transversos completamente cobertos, regiões individuais do corpo bem definidas10 (Figura 5).

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Figura 5: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore 5 – Obeso

Todos os ângulos do corpo estão cobertos, partes salientes do esqueleto com camadas de gordura, partes individuais do corpo difíceis de ser determinadas, aparência arredondada. Este estado só é aceitável para animais terminados, prontos para o abate10 (Figura 6).

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Figura 6: Fonte: Embrapa, Escore da condição corporal e sua aplicação no manejo reprodutivo de ruminantes, São Carlos, SP Dezembro, 2008

Escore de condição corporal de acordo com a fase produtiva

Recomenda-se manter o Escore de Condição Corporal – ECC nas fases produtivas de acordo com a tabela 1.

Fase produtiva Escore Ideal (Variação aceitável de ± 0,25)
Secagem
3,25
Parto
3,25
Início da lactação
2,75
Meio da lactação
3,0
Fim da lactação
3,25
Novilhas em crescimento
3,0
Novilhas ao Parto
3,5

Parto com valores de Escore de Condição Corporal – ECC <3,00, há poucas reservas energéticas que pode gerar menor volume de leite no pico de lactação, que acontece até a 8ª semana de lactação, decorrendo de uma menor produtividade. Parto com Escore de Condição Corporal – ECC >3,5, há menor consumo de matéria seca no pré-parto e no início da lactação, o animal fica mais susceptível a enfermidades metabólicas.

Perdas de Escore de Condição Corporal – ECC <2,5, pode afetar o desempenho reprodutivo dos animais. Deve evitar a mobilização de tecido adiposo prolongada e pronunciada. O melhor momento para ajuste do escore de condição corporal é no 2º e 3º terço da lactação.

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Como avaliar o Escore de Condição Corporal de Vacas Leiteiras?

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