O período pré-parto de uma vaca é o período de maior desafio metabólico e fisiológico do animal.
Período seco, chamado também de período de transição, ele é marcado pela mudança repentina de exigências nutricionais.
No início do período seco ocorre a baixa demanda fisiológica, já ao final do período gestacional e início da lactação, ocorre a alta exigência nutricional.
Ao final do período seco, além da rápida mudança das exigências nutricionais, acontece também a diminuição do consumo de matéria seca, devido a redução do espaço do sistema digestório ocupado pelo feto em crescimento.
As consequências de um período pré-parto deficiente nutricionalmente, são:
- Balanço energético negativo acentuado;
- Hipocalcemia;
- Cetose;
- Retenção de placenta;
- Prolapso uterino;
- Deslocamento de abomaso;
- Mastite.
Torna-se então necessário estabelecer estratégias nutricionais que possam reduzir os impactos das mudanças desse período.
A fim de minimizar os efeitos metabólicos do balanço energético negativo, busca-se uma dieta equilibrada que supre as demandas minerais e vitamínicas necessárias dessa fase.
Já considerando a redução natural de matéria seca e buscando reduzir, principalmente, a hipocalcemia, oferta-se uma dieta aniônica durante os 30 dias que antecedem o parto.
Nesse período acontece também alterações na manutenção da homeostase (estado de estabilidade dinâmico do organismo) e mecanismos de controle metabólico, devido as inúmeras exigências do fim do processo gestacional e início do período de lactação.
Torna-se então, essencial medidas para redução dos efeitos dessa alteração.
Infecções, como mastites, metrites e retenção de placenta, podem se tornar mais comuns devido ao maior consumo de minerais e vitaminas pelo organismo nesse período, o que, por consequência, acaba deixando o sistema imune comprometido (Goff, 1996).
A dieta aniônica se baseia no aumento da concentração de Cloro (Cl) e Enxofre (S), redução do Sódio (Na) e Potássio (K) (Albani & da Silva, 2017), e são suplementação com Cálcio (Ca) (Oba, et al. 2011).
Além disso, a dieta aniônica, possui mais ânions, ou seja carga negativa, do que cátions, carga positiva.
Os cátions de maior importância da dieta são (Albani & da Silva, 2017):
- Cálcio (Ca);
- Magnésio (Mg);
- Sódio (Na);
- Potássio (K)
Os ânions são (Albani & da Silva, 2017):
- Fósforo (P);
- Cloro (Cl);
- Enxofre (S).
A mudança eletroquímica da dieta ocorre de acordo com a concentração de cada nutriente, mas quanto maior a carga do mineral mais influência na alteração ele terá (como o Enxofre (S)), outro fator é o nível de absorção do mineral pelo animal, quanto mais fácil a absorção maior seu efeito (como o (K)) (Albani & da Silva, 2017).
Também é considerado a escolha de alimento com baixa concentração em Energia (mEq) para facilitar sua correção.
Quando se utiliza alimentos com alta concentração de Energia (mEq) se faz necessário o uso de mais minerais com carga negativas para corrigir o balanço eletroquímico, porém alguns desses minerais podem limitar o consumo pelo animal, como o Enxofre (S) acima de 0,46% na dieta total, comportamento que não é desejado principalmente nesse período (Albani & da Silva, 2017).
Acredita-se que os efeitos de uma dieta aniônica já podem ser observados 48 horas após o início do seu fornecimento, mas de 5 a 7 dias para manifestar a acidose metabólica (acidez) sobre o controle homeostático do Cálcio (Ca), avaliado pela alteração de pH da urina (Albani & da Silva, 2017).
Com a dieta aniônica, autores tem identificado a redução da reabsorção de Cálcio (Ca) dos ossos e de problemas metabólicos, como a hipocalcemia e prevenção de distúrbios pós-parto, devido ao aumento de consumo pré-parto, minimizando o Balanço Energético Negativo (BEN) e, consequentemente, aumentando a produção leiteira.